quinta-feira, 31 de março de 2011

Canto de boemia










Sóbrios ébrios amigos de pôquer
Vou encontrá-los para beber e jogar
O gatuno fumando em meio aos madafoquer
Repelindo-me, Tati você não pode fumar!

Com eles o caos é tão aprazível
Nas noites de inércia encontro a boemia
A madrugada sem eles seria terrível
E no porre não percebo o amanhecer do dia.


O vinho faz de nossos lábios, ensanguentados.
Avermelhados, poetizando trovas às gargalhadas!
Rindo mais que o curinga do carteado
Os demônios se assustam com as nossas risadas!


Alcoólatras, gênios, lindos e loucos.
Falamos de arte e sexo em prosa
Filosofando a criação de Deus, louvam,
Recitando Marquês de Sade, gozam.

Não os trago para a vida cotidiana,
Pois somos o elo que se une no bar
Somos o refúgio para as noites insanas
Somos o resto, quando mais nada sobrar...


Tatiane Sales
(Minha poesia)


Para vocês da taverna, um brinde!
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quarta-feira, 30 de março de 2011

Noite estrelada



Vincent Van Gogh via uma noite estrelada assim...
Visão?  Imaginação? Absinto?

terça-feira, 29 de março de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

Intrínseco

Se um dia nos encontrarmos novamente
Rogarei numa súplica dolente
Tempo, para memorizar-te eternamente.

Antes de a noite findar
Tentará dizer-me o que sente?
Ausente amanhã estará
Notará que só vale o presente...
Agora é a hora, o momento
Gemendo de intento me fala?
Observara que luto por dentro
Retendo a paixão que propaga.
Antes que amanheça, diz como?
Sinta-me inteira e me inspira...

Sua vida derrama em meu corpo
Minucioso envolve-me em lira
Espera-me na madrugada
Tatuada em toda a ausência
A essência de sentir sua falta
Nada é mais que a sua presença!
Apenas segura minhas mãos...

Falarão dos sentimentos que escrevo
E vejo surgir na escuridão
Revelação de um lânguido beijo...
Nesta pausa, não existirá tempo
Aumento as horas para nossos lábios
Natos de delicadeza, um momento
Dentro do destino, no acaso.
Esperar-te-ei numa noite, jovem artista
Sinta, pois te aguardo um dia

Seria isso, idealizações de poetiza
Externizando uma saudade esquecida?
Não, em meus versos há um motivo
Antagonizo, talvez em vão, antagonizo...

Tatiane Sales


domingo, 27 de março de 2011

Se puder por dentro me ver

Querido... Se você puder por dentro me ver, gostaria de lhe falar sobre essas longas noites solitárias, sobre o correr da noite, essas travessias desertas cheias de fantasmas; lhe falar sobre esse coração que ouço bater, não desiste. Dizem que a vida vale a pena ser vivida. Então eu quero mais, meu coração não desistiu. Aqui dentro eu acredito no meu coração que bate, no pulsar das minhas veias, acredito nessa força dentro de mim. Se você puder por dentro me ver, direi como é minha vida, de quando o medo se ergue, e fica tão alto que me dá tontura e desespero. Passo por esses momentos pensando estar perdida, mas às vezes descubro em mim mesma, forças desconhecidas. Você verá todas essas forças, se você puder por dentro me ver.
Sei que estou aqui para aprender alguma coisa, e quando eu tiver aprendido, poderei enfim partir. Eu sei... E sinto que o entendimento se aproxima, pois já me emociono com o pôr do sol.
Ouvi que a maravilha da vida está no aqui e agora. Sei que quando eu partir, eu não estarei mais dominada pelo medo. A vida pode ser cheia de riquezas, nos gestos, sorrisos e alegrias se compartilharmos o que sabemos. Li que Deus encontra-se nos relacionamentos. Levarei alguns momentos comigo.
As conversas com meu irmão mais novo, a lembrança do meu pai e minha mãe juntos, os cafés e cappuccinos com os amigos, o anseio pelo estudo e sabedoria, a adoração pela natureza e o amor pela arte. O circo, ah o circo! O nome duma paixão libidinosa, a delicadeza da minha mãe regando as rosas. Rostos e versos... A ligeira embriaguez com vinho ou martini, o mar... o mar... Aquele beijo, aquela dança, a grama molhada, aquela bela mão branca no volante do carro, no violino e em meu rosto, tantos sorrisos, aquele sorriso...
Aprendi muito, conheci pessoas maravilhosas.
Já sei que é necessário compartilhar as alegrias, saborear cada momento e, acima de tudo, olhar as pessoas por dentro. Não tenha vergonha de dizer para as pessoas que você gosta que você as ama. Isso, eu já sei, mas o verdadeiro entendimento está em pôr o amor em prática. E essa ação, ah... essa ação, eu ainda estou aprendendo...

Inspirações em G. Musso,
por Tatiane Sales.

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segunda-feira, 21 de março de 2011

"Liberdade é o espaço que a felicidade precisa..."
Fernando Pessoa

domingo, 20 de março de 2011

Outono



As quatro estações de Vivaldi

Inverno



As quatro estações de Vivaldi

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Primavera




As quatro estações de Vivaldi.

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Verão




As quatro estações de Vivaldi

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sábado, 19 de março de 2011

Beijo roubado

Intuição...
Traição, que distração!
Dissoluto e sujo!
Do devasso fujo,
Mas lascivo me pega
A linfa do seu desejo
Sua saliva no meu beijo...
Liberta!
Minh'alma ao limbo
Sua língua em mim,
Mas mesmo assim...
Jurisprudência à parte
Indefensável instinto
Ainda um beijo e vai-te!

Tatiane Sales
(Minha poesia)


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terça-feira, 15 de março de 2011

Para Friedrich Nietzsche


Segundo "Quando Nietzsche chorou" de Irvin D. Yalom, Richard Wagner é um anti-semita e corrompeu a música... o que é um tanto quanto cômico!




Nietzsche era amante da ópera Carmem de Bizet.
"Você me ama e eu te amo, e se eu te amo... toma cuidado!


Não concordo muito com a filosofia de Nietzsche, porém gosto dele. Ah... como eu compreendo os motivos que o transformaram em pagão!



"Amamos mais o desejo do objeto do que o objeto desejado"

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domingo, 13 de março de 2011

Rompimento

"Carta ao derradeiro
encontrada ao léu.
Volto para o início do inferno,
no final do céu..."

É difícil iniciar isto, entretanto é necessário que se faça...
Escrevo como forma de desabafo e também de despedida.
Estou dando-te fragmentos do que sinto, não sei se é errado ou certo, mas é a minha verdade e somente, agora. Espero que aceite.
Não poderei ver-te mais, seria tortura e já estou muito machucada. É injusto ser forte sem ser, é cruel comigo suportar para confortar-te, aguentar e fingir para agradar-te; sou um ser humano, não um super-herói.
Você sabe o motivo dessa carta. Estou oscilando meu humor entre Sartre e Shakespeare, naquela bipolaridade que você conhece, todavia optei, não quero ser nem sua Simone de Beauvoir nem sua Julieta.
Eu não quero mais ver-te, nem falar contigo e espero que você queira o mesmo, ou pelo menos consiga respeitar isso... E me respeitar ao menos uma vez. Não mais me procura.
Não estou nada bem, queria muito que você estivesse comigo de alguma forma e por isso tentei ser sua amiga sufocando minha dor, a mágoa. Todos os dias em que nos vemos você me decepciona mais. Sempre encarei seu comportamento como atos inconsequentes de um jovem rico e mimado, imaturo e perdido. Da última vez foi diferente, foi intencional, você "quis ser" vil.
Motivos você é inteligente o bastante e até mais para saber.
É impossível ser sua amiga, quando na verdade sou sua... Na última vez senti-me agredida de todas as formas que uma mulher poderia sentir-se. Maculada... Notei que você não respeita nem meu coração, nem meu corpo.
Vi que sou uma latina no oriente de sua vida.
É insustentável imaginar que você agora está com outra. Às vezes imagino-te sendo tocado e beijado, tocando e beijando, pensando em mim e amando-me em outra. Consequentemente, você se torna um vampiro maldito que suga toda minha alegria, meu ânimo, minha psicologia, minha filosofia, minha arte, tudo que sei, que sou e que amo para tentar compreender-te.
Percebi que sou muito mais do que a forma como você me trata. Não tenho que passar por essa difusão de veneno em minh'alma.
Espero que você tenha feito a escolha certa ao dar motivos e incitar minha despedida.
Não deu certo com aquele rapaz que te enciumei. Não temos nada em comum e por uma questão de escolha seria um grande erro começar algo que não daria certo somente para viver momentos... Admirar a beleza de alguém não é suficiente. Sei que ele é apenas mais um na infinidade de homens sacanas que me aparecem. Piegas, mas você causou-me a sensação de que homens não prestam. Talvez um dia a providência me mostre o contrário. O ser humano pode elevar-se à sua própria condição e superar-se.
Estou só e sei que permanecerei assim por um longo tempo, todavia agora sei do que preciso... E se não vier, apenas continuarei como sempre fiz antes de ti. Era vazio antes, apenas será mais vazio agora, mais vazio sem você. Já sinto a lacuna imensa, ou melhor, o abismo, o buraco negro no meu peito.
Ouço a chuva tão forte lá fora, mas é muito pior a tempestade que sinto dentro de mim e que transborda em forma de lágrimas pelos olhos que você conhece.

sábado, 12 de março de 2011

Atrás da porta




Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus, juro que não acreditei
Eu te estranhei, me debrucei sobre o teu corpo e duvidei
E me arrastei, e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito, teu pijama
Nos teus pés, ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
Até provar que ainda sou tua...


Chico Buarque

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sexta-feira, 11 de março de 2011

Cada dia vai ser o dia mais importante...

quinta-feira, 10 de março de 2011

Das palavras

Lembrei-me de quando menina, de um dos primeiros livros que li "As coisas que a gente fala, de Ruth Rocha". Lembrei-me do momento que a leitura tomou-me por hábito, foi pouco depois da morte de minha mãe que comecei a ler, pois sentia eu sua falta e precisava ocupar-me em algo para distrair-me de sua ausência.
Lembrei-me do momento exato em que passei a amar rosas. Ela tinha uma roseira, cor-de-rosa. No dia de sua morte colhi uma rosa no jardim e fiquei segurando-a por todo o tempo. No velório uma tia tirou-me a rosa das mãozinhas e colocou-a nas mãos geladas de minha mãe, destacando a rosa em meio às margaridas brancas por sobre seu corpo sem vida. Talvez fosse nessa hora que uma alma triste de poetisa invadiu-me o corpo delicado e tomou-me o ser. 
Das palavras de Ruth Rocha, que desde pequena ensinara-me a pensar:

Depois que elas se espalham,
Por mais que a gente procure,
Por mais que a gente recolha,
Sempre fica uma palavra,
Voando como uma folha,
Caindo pelos quintais,
Pousando pelos telhados,
Entrando pelas janelas,
Pendurada nos beirais.

Por isso, quando falamos,
Temos de tomar cuidado.
Que as coisas que a gente fala
Vão voando, vão voando,
E ficam por todo lado.
E até mesmo modificam
O que era nosso recado.

Ruth Rocha cedo me ensinara o valor da palavra escrita e desde criança, uma lição sobre as palavras: Ter cautela ao falar, porque uma única frase mal (dita) pode ferir profundamente, magoar.

T.S

sábado, 5 de março de 2011


"E naquele instante...
Tudo o que eu sabia a meu respeito até então, sumira.
Eu agia como alguma outra mulher.
Contudo, nunca antes fora tanto eu mesma.

Francesca Johnson, em As pontes de Madison."

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sexta-feira, 4 de março de 2011

Ciúme


 Tive uma ligeira impressão de que a paixão limita, porém do jeito que anda as coisas, isso se tornará uma tese! Não contei quantas vezes o meu coração pulsou hoje, nem se respirei mais do que o normal. Não necessariamente tenho pensamentos impróprios quando me perco olhando para o horizonte, e mesmo nas minhas lembranças mais distantes, as pessoas que tive e não tive no passado, só foram uma soma para o que sou hoje no bom e ruim. Fazendo-me os repelir, serei apenas parte, pois sou também o que vivi e assim o fazendo, não serei amada por completo.
 Deixa-me pensar, me deixa expandir, me deixa criar!
 O sabor do vinho em minha boca se espalhando quente em meu corpo também me dá prazer! Perdoa-me essa traição!
 Posso ser o que eu quiser nos textos que escrevo, posso matar alguém, posso ser Napoleão Bonaparte, posso ser uma prostituta leviana, posso ser até um moinho de vento, sem reservas, sem receios de ser louca. Ao menos nos meus textos eu quero ser livre!
  Perdoa-me, mas dentro de mim não há somente anjos, há também demônios, preciso externá-los para exorcizá-los.
 Permita-me não estagnar, ser toda, tudo e além, permita-me descobrir quem sou.
 Sou sua, isso já não é demais suficiente?

Tatiane Sales
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quinta-feira, 3 de março de 2011

Pousa











Radiando como um dia ensolarado,
Clareando o meu breu inexorável,
Você surgiu como uma pomba branca em vôo,
Em minha vida me trazendo um mundo novo.

Pousou em mim sutilmente gracioso,
Exalando um perfume doce, oloroso.
Tez tão clara com seu branco desbotado,
Olhando-me dois diamantes claros azulados.

Seus olhos, tão azuis foram pintados,
Pelas mãos que pintou o céu estrelado,
Que te banhou de sentimento amoroso,
Para me dar este presente milagroso.

Eu só chorava um sofrimento lamentoso,
Desejava estar em jaz num plano morto!
Dando alento ao meu espírito desolado,
Brilhando veio você em luz, feito um raio.

A esperança deste milagre abençoado,
Aliviando minha dor. Iluminado,
Cuida das minhas feridas cuidadoso,
Ajuda-me a viver neste mundo tão maldoso?

Tatiane Sales
(Minha poesia)

Para o broto.

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