Sou uma moça Shakespeariana ao extremo e preciso trabalhar isso em mim, pois às vezes não me consolo em deparar no espelho com uma mulher ingênua de 29 anos, enfim... Honesta demais, bondosa demais, sensível demais. Ou eu deixo de ser sensível assim neste mundo fugaz, ou não sei, realmente não sei o que será de mim neste planeta voraz.
Cada respiração é um dissabor, cada ausência de quem deveria estar aqui e não está, é uma dor.
Não posso sentir tanto por quem deliberadamente vira as costas para mim sem se importar com meus sentimentos, não posso chorar a ida de quem se vai sem dizer adeus, intemerato e egocêntrico sem olhar para trás.
Não posso sentir saudades de quem não me procura, de quem não se importa, ou de quem se importa em silêncio como uma ostra e que com o silêncio me tortura. Não posso viver o que se foi, não posso ficar colhendo os frutos de nuvens oníricas, embora líricas...
Amizades e amores só o são na ação. Um ser calado é uma tristeza difusa em meu coração.
Preciso olhar ao redor e perceber quem realmente está aqui comigo nesta vida cruel e difícil, amenizando minhas dores em vez de as aumentar, não me lançando ao precipício.
Preciso esquecer o que não existiu, preciso não chorar a ausência de quem sem piedade partiu.
Quem ama demonstra, (mas agora penso eu), eu já demonstrei amor por esse ser que não é meu? Não importa mais, como eu disse, sou uma moça Shakespeariana ao extremo e nos romances literários que eu leio, reconheçamos o papel primordial de um honrado e nobre cavalheiro, que (jamais) em vez de abandonar a sua dama, quer mesmo é retornar aos braços seus e de enleio percorre sem receio o mundo inteiro.
Seja na paixão ou na amizade, o amor tem que superar o ego e a vaidade.
Tati Sales
(a que desistiu)
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