quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Mito da caverna

Vendo difusa a sombra ofuscada na caverna,
Não reconhece o que há de vir e quem a espera...

Ela vislumbra num teatro fosco,
Escuro, ilusório e tosco
Movimentos refletidos nas sombras
Dos vultos de atrizes medonhas
Dançando loucas e tristonhas
Meras cópias da matriz platônica
Duma ébria percepção errônea
Dirigida por um Deus semimorto
Regendo uma orquestra no horto!

Ela olha tudo pelo buraco negro das trevas,
Mas prefere a loucura, a ser cega...

E aceitaria todas as consequências,
Para ver sobressaindo à coexistência
Pois perdida no mundo das ideias
Observando confusa na plateia
Hamlet apaixonado por Nicéia
E Baco amante casto de Ofélia
Ela precisa se libertar dessa caverna
Pra confirmar que a humanidade é uma doença
E o ser humano um estado crítico de demência!

Mas novamente obtusa e confusa ela se entrega, 
Vendo um novo rosto abstrato surgir em meio à névoa...

Tatiane Sales

Um comentário:

  1. Muito bom o poema, realmente a loucura é preferivel à cegueira, principalmente em um mundo tão escroto quanto este, todos nós somos loucos de alguma forma para encarar as trevas dessa realidade insana.

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