segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Humildade

Que sensação é esta?
Que tendo perdido tudo,
Estando perdida no mundo,
Amaldiçoando a promessa,

Quando tudo o que sente é dor

E o mais ameno dos sentimentos
Que vive e grita no peito por dentro
É um terrível desespero interior!

Como explicar a sensação

Dum'alma imersa à lama
Pisada e jogada no chão
Nua num inferno em chamas...

Sem ninguém p'ra segurar a mão,

Pegando fogo na chuva
De quão gelado tornou-se o coração
Co'a paisagem nefasta e turva?

Sensação tenebrosa e maldita, 

Violenta, tirana, fascista,
Que machuca, maltrata e tortura,
Até que chega a beirar à loucura!

E no fim quando nada mais sobra,

Rastejando-se feito cobra,
Desgraçadamente humilhada,
Falida e desesperada...

Vendo que tudo se tornou nada,

Percebe que o limite chegou
E o choro torna-se gargalhada,
Pois a dor já ultrapassou...

Essa é a sensação dum louvor

De descer ao inferno e queimar,
Pedir o pão que o diabo amassou
Depois que nada mais restar.

Ser humilhada por si mesma,

P'ra aprender a ser pequena
E ser tocada pela humildade
Implorando à luz suprema!

Essa é a sensação da liberdade

De ser pisada como um cão torto,
Feito um gado apanhar com maldade 
Na sua ilíada ao matadouro...

Essa é a divina sensação

Da gloriosa superação,
De dor que agora não mais dói,
Do ácido que na pele não corrói.

Dum alívio quando a queda cessou,

Quando se sabe que no fundo chegou.
É tanta dor que se torna iluminação,
Fogo que restaura como purificação,

Lâmina que fere p'ra marcar,

Açoite que bate p'ra ensinar,
Força que nasce da lamentação
E extingue o ego, dor de libertação...

Tatiane Sales

Nenhum comentário:

Postar um comentário