segunda-feira, 6 de junho de 2011

Somente um dia

Eu já tive melhores dias.
O meu coração angustia...


Não compreendo essa agonia 
Que em meu passado afligia,


E agora volta sombria!


Estou com uma insônia vadia,
Dum gato que o olho irradia,


Quando surge a lua boemia,
Com a noite que o descanso avaria.


Novamente meu sono tardia!


Quando também não durmo de dia,
É que tudo piora em demasia!


Uma pessoa me cobra harmonia,
Quando não sobra nem covardia.


Torno-me então uma egoísta vazia!


Que nem consegue chorar com valia,
Por magoar quem não merecia.


Se me conhecesse, me entenderia!
Se me conhecesse, compreenderia?


E se compreendesse me amaria?


Torna-se tola a sabedoria!
Sinto-me tão culpada, nostalgia.


Não consigo vencer a melancolia,
E já se aproxima a madrugada fria!


O meu choro agora é de poesia...


Por saber que nada agora supriria,
Não consigo hoje fingir alegria!


Não me espera hoje, me dá mais um dia?
Somente uma noite p'ra eu ficar sozinha?


Deixa-me chorar, que a dor alivia...


Dentro há tantas coisas que eu não diria,
Pois o amo tanto, eu não me perdoaria,


Fazê-lo descrer que eu conseguiria.
P'ra ter paz, com ele até no inferno iria,


Mas hoje o vinho já me inebria,


E o álcool já toca a sua sinfonia!
Preciso esquecer o que já há muito finda,


Desmoronar meus castelos de areia fina,
Resíduos de tormenta das saudades minhas,


Sonhos que nunca se concretizariam.


Saudades que vem junto à taquicardia,
Mortes que mudaram toda a minha vida!


Lutas, que com eles aqui, eu não precisaria,
Maldades mais cruéis que uma tirania,


Vindo de quem mais deveria ser meu guia!


E desejos que a sorte me desviaria,
Quando supus que enfim o igual, achei um dia,


E que o acaso levou com uma ventania.


Mas nada agora o meu amor mudaria.
Mesmo a incompatibilidade que nos diferencia,


Mesmo o dia-a-dia na azáfama rotina!
Abrindo em meus olhos pela manhã a cortina,


Não sabendo que eu lia enquanto ele dormia.


E que não entende nunca minhas ironias!
Que tento dormir quando o sol irradia,


Depois destas fases de insônia doentia.
Todavia amor, onde esteja sorria...


Sou grata por ele nunca me deixar sozinha!


Mesmo eu sendo um gato que foge arisca,
Ele me recolhe carinhoso, e a manhosa mima!


Perdoa-me nestes dias que minh'alma exorciza,
Só eu sei da solidão que ela tanto precisa,


P'ra recomeçar a amar novamente... a vida.


Tatiane Sales
(Minha gratidão e minha poesia)

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