sábado, 13 de novembro de 2010

Deus

Minha fé resumia-se encontrar um Deus para culpar.
Eu precisava justificar a ínfima vida que levava,
blasfemando o seu nome nas penumbras e noites de tormenta;
eu o condenei.
Ouvia falar de um Deus austero, mas eu me negava crer
num Deus preconceituoso que pune as diferenças;
eu o recusei.
E na busca me apresentaram um Deus bondoso, que
perdoa até as piores das falhas;
eu o lamentei.
Mas na escuridão medonha em que senti dores terríveis
de medo, de frio, desesperada e desgraçada,
sozinha na tempestade, num raio eu supliquei;
e dele precisei.
Filosofei, pensei em Deus e percebi que ele era uma idéia
poderosa e vingativa para uns, uma idéia bonita, sublime e
cômoda para outros, de acordo com suas necessidades e conveniências;
eu o questionei.
Anulei o Deus que criamos e comecei a descobrir o Deus
que me criou. Ele estava em mim cercado e ocultado por
idéias, conceitos e tradições;
à medida que eu as removia,
eu o descobria...
E em mim, o encontrei.

Tatiane Sales
(Meu poema)

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