Numa praça de alimentação de um shopping vejo o motivo para o qual nascemos. Comer. Suprir-se. Abstrair-se. Todos estão satisfeitos, mas... poucos estão felizes, noto.
Portanto, o que falta? Logo a minha primeira tese torna-se errônea. É preciso de alguma forma dar, doar o que temos, oferecer algo de bom em nós para nos sentirmos de fato felizes numa troca de valores e de sentidos. Assim é o erro do abstrair que acontece na neurose dos relacionamentos modernos onde só queremos ter; amamos do outro, queremos do outro, saboreamos do outro, exigimos do outro, e não propriamente o outro.
E em troca o que damos? A mania da pressa em que vivemos atualmente nos faz atravessar e invadir o tempo de outrem. Devemos respeitar a lei do espaço e tempo. A minha dúvida impera-me e replica: o que devo esperar? o que devo fazer? se eu agir estarei interferindo num caminho certo de alguém? estarei atrapalhando uma vereda reta em prol de uma saudade profunda minha, em prol de uma necessidade de ter, de um anseio de ver? Devo tentar? devo em vão tentar? A dúvida aflora impedindo-me de semear o que talvez poderia ser. Permaneço em silêncio.
Sei que o motivo de minha dúvida me deixaria melhor agora, porque esse motivo tem o dom encantado de me deixar melhor. E todas as vezes que me comunico com esse ser de alguma forma, é como o mundo me dando um presente e dizendo: Fica feliz mocinha, pelo menos um pouco... E quando eu vejo aquele sorriso, e quando eu sinto aquele corpo ao meu lado, mesmo que somente no momento de um estar ao lado, eu agradeço a vida por esse raio de luz suprir a minha alma de ternura e me iluminar. Todavia, penso que esse motivo está muito ocupado sendo feliz agora, aprendendo a viver agora, e sem nenhuma necessidade de mim. Então eu prefiro não interferir e sigo, permanecendo em silêncio.
T Sales
Tempo louco esse, de tantas possibilidades e tanta informação que muitas vezes nos paralisa ao invés de nos impulsionar.
ResponderExcluirE seguimos em silêncio...