sábado, 30 de julho de 2011

Inquisição pelo santo ofício

Penso nas mulheres queimadas na fogueira da inquisição pelo antigo tribunal eclesiástico.
(Bruxas?) Não...
Poetisas, filósofas, livres pensadoras... Belas de mente expansiva, amantes da arte, exóticas, feministas, adoradoras da natureza...
Penso que a igreja queimava na fogueira mulheres como eu...
Hoje meu batom não é vermelho, meus batimentos cardíacos são meramente calculados, pois sou posse quando eu deveria ser livre. Fiz minha escolha, talvez por covardia ou comodismo, talvez por amor. Todavia a escolha certa? Descobrirei mais tarde quando eu adoecer, envelhecer e não enlouquecer na solidão, porque terei alguém que cuidará de mim. Saberei quando eu não me tornar uma velha alcoólatra louca dos gatos gratos pelo abrigo e solitária numa casa sombria com teias de aranha enfeitando as paredes do quarto escuro com uma janela que nunca seria aberta. Saberei se minha limitação voluntária da mulher que eu seria valeu a pena, quando eu estiver numa chácara coberta de raios de sol, cercada de alegres filhos e netos, em meio às flores ouvindo o som do riacho descendo às pedras...
Seria o casamento também uma forma de inquisição?
Tatiane Sales

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ensejo de uma freira

Ser boa, ser
Seria ver
Jesus surgir
Da cruz sorrir.
Boa por quê?
E tentei crer
Que me punir
Torno-o mártir.
Por mais que tento
Mais eu lamento
Nunca pecar
É sofrimento!
Da existência
A desistência?
Jogado a esmo
O meu desejo,
Mas só um beijo
É um fraquejo?
E maculada
Fui condenada.
Já desvairada,
Já malograda,
Fugi do abade,
Fui pra cidade...
Desesperada!
Desventurada,
Um beijo apenas
É quase nada!
Eu quero mais,
Pudica jaz.
Eu vou tentar,
Isso é errar?
Quero saber
Como é viver,
Quero sentir,
Quero fundir!
Depois morrer...
Freira pra quê?
Fizeste a vida
Pra ser vivida,
Colher, plantar,
Não só olhar...
Deixa-me ser,
Deixa-me ter?
Eu quero amar,
Me apaixonar.
E se eu sofrer,
Paguei pra ver.
E pra clausura,
Pra sepultura
Não volto mais,
A ira sagaz
Me libertou!
Amaldiçoou.
A minha sina
É de felina,
Se, não menina...                                              
Sou Messalina?
Sou anormal
Por ser normal?
Ah, homens santos
Sob seus mantos
Queimem na chama
Tal bruxa dama!
Pseudo frades
Que só maldades
Vejo sangrando
Fingir rezando.
Traz a fogueira
Dessa maneira
Serei julgada
Como as coitadas,
Damas ousadas
Da inquisição
Que gritaram, não!
À submissão.
Não, não tenha pena!
Desta vil pequena.
Sou uma mulher
Que somente quer,
Tão somente quer,
Provar o prazer
De o vinho beber
E dos beijos colher...
Como você também quer.
Tatiane Sales.
(Minha poesia ao autoritarismo machista que ainda existe)
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terça-feira, 26 de julho de 2011

Tuas frases tão rasas de atriz
Tudo o que eu quis
Tudo que não...
Pelo palco os meus textos no chão
Falas em vão, falas em vão...

sábado, 2 de julho de 2011

Palhaço triste

                                                                              Eu pinto uma risada no rosto
                                                            e maquio o meu desgosto
                                                            para o público rir!
                                                            Tropeço para a plateia aplaudir...



T.S

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Misantropia

-Poeta, o que me diz da noite que finda?
-Noite solitária e fria e longa, tão vazia e linda.
-E do novo dia que à noite sucedeu?
-Senti por momentos esperança no cantar dos pássaros e nos raios de sol no rosto meu.
-Por que apenas por momentos teve esperança?
-Porque as pessoas acordaram e poluíram a pureza da natureza santa, mas há outro momento de esperança! Vejo vindo adiante uma criança...
-Não vejo nada, poeta meu. Essa criança que você vê é você mesmo, no reflexo da lembrança que também se corrompeu.
-Essa criança cresceu e em prol do mundo nada fez? Meu Deus, essa esperança morta sou eu...?

Tatiane Sales

(Minha poesia)


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