quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Cazuza, faz parte do meu show



Te pego na escola e encho a tua bola com todo o meu amor
Te levo pra festa e testo o teu sexo com ar de professor
Faço promessas malucas tão curtas quanto um sonho bom
Se eu te escondo a verdade, baby, é pra te proteger da solidão

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor...

Confundo as tuas coxas com as de outras moças
Te mostro toda a dor
Te faço um filho
Te dou outra vida pra te mostrar quem sou
Vago na lua deserta das pedras do Arpoador
Digo 'alô' ao inimigo
Encontro um abrigo no peito do meu traidor

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor...

Invento desculpas, provoco uma briga, digo que não estou
Vivo num 'clip' sem nexo
Um pierrot retrocesso
meio bossa nova e 'rock'n roll'

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor...

Meu amor...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Hoje jaz

Hoje estou numa espécie de anestesia vital, talvez um coma emocional, como uma desistência simultânea da alma, corpo e raciocínio. Prefiro hoje não intervir, não interferir em nada.
Também optei não rimar, mas apenas desabafar longe do mundo em sua convivência com as pessoas, e longe da vida em seus exaustivos movimentos do desespero de ser mais um e melhor.
Hoje não quero nada.
Nem atingir metas no trabalho, nem satisfações ao namorado.
Hoje não sou nada.
Num inexpressivo invisível sem estereótipos do que sou, ou do que eu deveria ser e/ou ainda do que eu poderia ser.
Nada.
Sem distinção ou compreensão.
Hoje assumi o fracasso e de repente sei que nada é e será como deveria ser.
Sem esperanças, somente um choro na garganta que não sai. Tudo é decepção, de mim para com o mundo e do mundo para comigo.
Hoje não quero nada, nem responsabilidade e nem liberdade.
Nem expectativas de futuro, nem lembranças do passado...
E, agora neste instante tento me mover o menos possível para não estar no presente.
Se possível fosse não viver, mas como dizia um ex: Sístole e diástole... Sístole e diástole...
Por que bate tão rápido o meu coração? Será melancolia, taquicardia, disritmia ou agonia?
Depressão?
E me recomendo calma...
Há uma opção, mas tenho medo da dor e punição.
A misantropia aumenta a cada dia, e chega ser cômica a minha hipocondria.
Queria não rimar, mas a poesia corre em minha artéria, a pulsar etérea sina.
A rima...
Só estou numa morte parcial da vida, só quero que me deixem sozinha, não estou deprimida e nem me alcoolizando com a íntima e ínfima bebida.
Só me deixem neste hoje em paz, somente hoje, neste hoje...
Que eu transformei num jaz.
Tatiane Sales

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Trova




No céu azul nuvens nuas
No teu olhar céus febris
Passos maiores que as ruas
Canções que eu nunca fiz


Tu pisavas distraída
por entre os carros sem dor
andando pela avenida
como se andasse num andor


P'ra onde fores eu vou
Aonde flores eu fujo
Te dou meu poema sujo
que eu não sei fazer toada


Menos que se quer é tudo
Tudo que se tem é nada


Zeca Balero

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A magia da poesia

Fecho meus olhos cinzas para imaginar algo de bom,
Algo que alivie a minha angústia terrível da existência.
Fecho meus olhos cinzas e vejo e ouço a cor do som,
E vejo uma Baleia Azul nadar além da consciência...

Essa Baleia Azul tem imensos olhos verde-claros,
Estou à beira da praia e ela vem em minha direção.
Olho para o céu e meu nome é escrito com um raio,
É um raio igual caneta e a escrever Tatiane, uma mão.

Essa enorme mão que segura raios e escreve em céu,
Tem no dedo um anel d’estrela como um raro diamante.
O anel se compara às estrelas presas naquele escuro véu,
Que nos cobre em breu à noite anéis d’estrelas de brilhante.

Fechando meus olhos vejo e escuto o grande oceano-mar,
De transparência pura e límpida, tal qual pureza de um Anjo.
Junto com o som das ondas escuto um suave hino ressoar...
E a Baleia Azul acompanha o Anjo num dueto o belo canto.

Agradeço por esses presentes que eu tanto precisava,
É a poesia que faltava nos meus dias tão vazios.
Caem lágrimas puras e límpidas tão iguais a água clara,
Dos meus olhos e do céu chovem gotas d’água e lírios...

Tati Sales

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Adeus

Sinto que chegou ao fim,
Há tão breve adeus assim?
Seus braços quentes me envolvendo,
Seus cabelos recendendo...

Eu me despeço sem razão,
Sem lhe entregar o coração.
Desde então peço perdão,
Pelo primeiro erro, o não...

Se for não querendo sim,
Em tê-lo perto de mim!
A sua voz a me clamar,
Implorando-me p'ra beijar...

Seu corpo a me procurar
A sua mão a me tocar
O seu olfato a me cheirar
Os seus instintos suplicar...

O quanto eu quero te amar!
Agora é tarde p'ra tentar.
Se o perdi resta chorar,
Ajoelhar e lamentar...

Quando o que eu quero é te rogar!
Só que eu sei, não vou tentar.
Por que mais me magoar?
Estou por dentro a te implorar...

Em minha vida se instalar
E, para sempre em mim, morar,
Porém das imperfeições que fiz,
Depois você quem não me quis.

Agora só me resta lembrar e penar...

Tatiane Sales
(Minha poesia)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Se puder, sem medo




Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
P'ra que eu fotografe assim o meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
P'ra dizer te vendo ir fechando atrás da porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente mas eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava


Oswaldo Montenegro