quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Cazuza, faz parte do meu show



Te pego na escola e encho a tua bola com todo o meu amor
Te levo pra festa e testo o teu sexo com ar de professor
Faço promessas malucas tão curtas quanto um sonho bom
Se eu te escondo a verdade, baby, é pra te proteger da solidão

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor...

Confundo as tuas coxas com as de outras moças
Te mostro toda a dor
Te faço um filho
Te dou outra vida pra te mostrar quem sou
Vago na lua deserta das pedras do Arpoador
Digo 'alô' ao inimigo
Encontro um abrigo no peito do meu traidor

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor...

Invento desculpas, provoco uma briga, digo que não estou
Vivo num 'clip' sem nexo
Um pierrot retrocesso
meio bossa nova e 'rock'n roll'

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor...

Meu amor...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Hoje jaz

Hoje estou numa espécie de anestesia vital, talvez um coma emocional, como uma desistência simultânea da alma, corpo e raciocínio. Prefiro hoje não intervir, não interferir em nada.
Também optei não rimar, mas apenas desabafar longe do mundo em sua convivência com as pessoas, e longe da vida em seus exaustivos movimentos do desespero de ser mais um e melhor.
Hoje não quero nada.
Nem atingir metas no trabalho, nem satisfações ao namorado.
Hoje não sou nada.
Num inexpressivo invisível sem estereótipos do que sou, ou do que eu deveria ser e/ou ainda do que eu poderia ser.
Nada.
Sem distinção ou compreensão.
Hoje assumi o fracasso e de repente sei que nada é e será como deveria ser.
Sem esperanças, somente um choro na garganta que não sai. Tudo é decepção, de mim para com o mundo e do mundo para comigo.
Hoje não quero nada, nem responsabilidade e nem liberdade.
Nem expectativas de futuro, nem lembranças do passado...
E, agora neste instante tento me mover o menos possível para não estar no presente.
Se possível fosse não viver, mas como dizia um ex: Sístole e diástole... Sístole e diástole...
Por que bate tão rápido o meu coração? Será melancolia, taquicardia, disritmia ou agonia?
Depressão?
E me recomendo calma...
Há uma opção, mas tenho medo da dor e punição.
A misantropia aumenta a cada dia, e chega ser cômica a minha hipocondria.
Queria não rimar, mas a poesia corre em minha artéria, a pulsar etérea sina.
A rima...
Só estou numa morte parcial da vida, só quero que me deixem sozinha, não estou deprimida e nem me alcoolizando com a íntima e ínfima bebida.
Só me deixem neste hoje em paz, somente hoje, neste hoje...
Que eu transformei num jaz.
Tatiane Sales

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Trova




No céu azul nuvens nuas
No teu olhar céus febris
Passos maiores que as ruas
Canções que eu nunca fiz


Tu pisavas distraída
por entre os carros sem dor
andando pela avenida
como se andasse num andor


P'ra onde fores eu vou
Aonde flores eu fujo
Te dou meu poema sujo
que eu não sei fazer toada


Menos que se quer é tudo
Tudo que se tem é nada


Zeca Balero

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A magia da poesia

Fecho meus olhos cinzas para imaginar algo de bom,
Algo que alivie a minha angústia terrível da existência.
Fecho meus olhos cinzas e vejo e ouço a cor do som,
E vejo uma Baleia Azul nadar além da consciência...

Essa Baleia Azul tem imensos olhos verde-claros,
Estou à beira da praia e ela vem em minha direção.
Olho para o céu e meu nome é escrito com um raio,
É um raio igual caneta e a escrever Tatiane, uma mão.

Essa enorme mão que segura raios e escreve em céu,
Tem no dedo um anel d’estrela como um raro diamante.
O anel se compara às estrelas presas naquele escuro véu,
Que nos cobre em breu à noite anéis d’estrelas de brilhante.

Fechando meus olhos vejo e escuto o grande oceano-mar,
De transparência pura e límpida, tal qual pureza de um Anjo.
Junto com o som das ondas escuto um suave hino ressoar...
E a Baleia Azul acompanha o Anjo num dueto o belo canto.

Agradeço por esses presentes que eu tanto precisava,
É a poesia que faltava nos meus dias tão vazios.
Caem lágrimas puras e límpidas tão iguais a água clara,
Dos meus olhos e do céu chovem gotas d’água e lírios...

Tati Sales

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Adeus

Sinto que chegou ao fim,
Há tão breve adeus assim?
Seus braços quentes me envolvendo,
Seus cabelos recendendo...

Eu me despeço sem razão,
Sem lhe entregar o coração.
Desde então peço perdão,
Pelo primeiro erro, o não...

Se for não querendo sim,
Em tê-lo perto de mim!
A sua voz a me clamar,
Implorando-me p'ra beijar...

Seu corpo a me procurar
A sua mão a me tocar
O seu olfato a me cheirar
Os seus instintos suplicar...

O quanto eu quero te amar!
Agora é tarde p'ra tentar.
Se o perdi resta chorar,
Ajoelhar e lamentar...

Quando o que eu quero é te rogar!
Só que eu sei, não vou tentar.
Por que mais me magoar?
Estou por dentro a te implorar...

Em minha vida se instalar
E, para sempre em mim, morar,
Porém das imperfeições que fiz,
Depois você quem não me quis.

Agora só me resta lembrar e penar...

Tatiane Sales
(Minha poesia)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Se puder, sem medo




Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
P'ra que eu fotografe assim o meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
P'ra dizer te vendo ir fechando atrás da porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente mas eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava


Oswaldo Montenegro

terça-feira, 30 de novembro de 2010

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Baixa estima que causam os homens

Ele vai deixá-la, eu sei...
Vai abandoná-la sem piedade,
Por ela não ter mais aquela idade...
Por ela não ser mais perfeita,
Não ser bela como a princesa
E por não mais exalar flores como a natureza.
Se o seu aroma fosse de rosas
E os seus lábios, rubros, e formosa,
Se os seus cabelos fossem doirados
E tranças longas recendendo,
Em véu pela torre irias descendo...

Tatiane Sales
(Minha poesia)

...

domingo, 28 de novembro de 2010

Realizar

... E na vida de tantos sonhos, acordar!
E que a realidade que se enxergar agora,
Seja o antes esperado, tão sonhado...


Tatiane Sales
(Minha poesia)

...

sábado, 27 de novembro de 2010

Ação!

"Ser não é somente pensar, ser é agir o pensar. Ser é criar a ideia depois de imaginá-la,  senão a arte se perde. Assim como a bondade está no ato de ser bom, pois bondade sem ação é descaso. Quando não há ação, a ideia e o sentir se perdem...".
TSales

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Encanto

Quis-te até mesmo quando eu não queria,
Mesmo quando eu não te conhecia,
O tempo todo eu te pedia.
Chamava-te nos sonhos sem saber seu nome,
Vi-te em devaneios sem distinguir, sem rosto.
Só percebia os gestos finos e a postura nobre...
Eu senti seu cheiro doce no vento da tarde,
No frescor do outono que a brisa trouxe.
O seu corpo eu via nas formas do tempo,
Que o vago mostrava que algo me faltava.
Quando eu te neguei foi por medo apenas,
Quis te perder antes que eu meu perdesse...
Mas tudo o que eu quero foi colocado em ti,
Tudo o que eu preciso para ser feliz.
Desde os seus cabelos ao seu corpo alvo,
Fascina-me o seu sorriso, amo quando ri...
Sua voz é suave até quando não fala,
No silêncio cheio de você me cala...
E quando cantando tão sutil demonstra,
Que por mim se importa, seu cantar me toca.
Ao tocar seu canto o meu corpo sente
Deveras sintonia de coração e mente,
De música e Arte,
De tudo, somente...
Tatiane Sales


(...)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Tecnologia lúdica (vintage)

Cada mensagem enviada,             
Cada palavra em torpedos,
Uma emoção digitada
Um conforto para os meus medos.


Esperança renovada
De fazer sentido à vida,
Quando o telefone tocava
E a voz dizia "querida"...


O toque que me avisava,
Que era ele do outro lado
E quando nada mais restava,
Telefonava o meu amado.


Nas mensagens de texto
Este amor se propagava,
Mas me dava desespero
Quando a bateria descarregava...


Tatiane Sales
(Minha poesia)


...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Encontro

O que há para dizer-te, senhor?
Penso ideias, recordo falas,
Ouvindo o seu preferido, Sebastian Bach...
Numa noite de sábado fria com luar.
Há uma augusta virtude na Rua Augusta andar
Com um senhor tão intrigante pela madrugada a vagar.
E numa mesa de bar, filosofar...
Uma mera de ternura me tem aquecido e encantado
Com suaves lembranças a recordar.
Em minha memória uma madrugada fria, mas aquecida,
Interessante a lembrar...
Tatiane Sales
(Minha poesia)
...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Chegada

Quando eu te encontrar no mar azul da felicidade,
Quando você me achar em meio à contrariedade,
Quando você desembarcar em rumo prol desta cidade,
Encantar-me-ei da vida e farei do sonho, realidade,
De ver na vida sentido num mundo de iniquidade,
Saber que Deus ainda existe e que no escuro há milagre...
Tatiane Sales

...



(Minha poesia)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Desencontros

E todas essas folhas dos livros e outonos
Serão tristes e voarão fugidias pelas tardes
Porque longe não posso chorar sobre seu ombro
Que entende o meu pranto dessa intensa tempestade.
E todas as auroras das manhãs quando eu acordar
Serão tristes nos anos da maldita eternidade
Porque longe não posso com um beijo te acordar
Que entende os meus lábios delicados de saudade...
E todas essas músicas que do piano irão fluir
Serão tristes e soarão como gemidos pela casa
Porque longe minha melodia você não poderá ouvir
Que entende a dor do que carrego em minh'alma...
E todas essas noites estreladas com luar
Serão tristes no vago guardado na memória
Porque longe não posso sua mão branca segurar
Que entende ao tocar minha poesia merencória...
E todas as viagens que eu fizer em meio ao mundo
Serão tristes e incompletas imagens de fotografia
Porque longe não posso ver no seu olhar profundo
Que entende os meus anseios de arte e filosofia!
E todos os desejos do meu corpo e meu amor
Serão tristes e nobres torrentuosos como o mar
Porque longe não pode sentir o meu calor
Que entende a odisseia que seria te amar!
E todos os caminhos que eu trilhar em minha vida
Serão tristes e sombrios sem entender qual foi o erro
Porque longe não podemos passar juntos nossos dias
Que entende o desencontro de duas almas em degredo...
Tatiane Sales
...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Olhos de céu

Abriu a cortina antiga,
Por que será que a luz entrou?
Ouvi uma voz amiga,
Que com ternura me acordou...

Ele veio sorrateiramente
E deitou-se ao lado meu,
Dizendo-me docemente:
Acorda-te do seu breu...

Ainda de olhos fechados,
Eu sentia sua respiração.
Contendo emocionada
Minhas lágrimas de emoção.

Meus cabelos afagando
Com o toque das suas mãos
E calmamente revelando
O amor do seu coração

Dizendo: Moça de lábios rosados
Que Deus pôs na minha vida
Olhava-te dormir, acordado,
Velando-te na noite infinda.

Os maus sonhos, extingui,
E os perigos da escuridão,
Quando minhas asas abri,
Envolvendo-te em proteção.

Abri meus olhos lentamente,
Vi o céu azul nos olhos seus.
Ao meu lado, ali reluzente,
Era um Anjo enviado por Deus...

Tatiane Sales
(Uma singela poesia aos olhos azuis do meu broto)
...




Uma noite longa p'ra uma vida curta, mas já não me importa, basta poder te ajudar...



Tens espírito de uma flor de lótus azul...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Deveria, deveras

Sinto tanto pelo pranto
Que te causei, moço inocente,
Que tão doce era... E deveras
Eu preservar-te, porém, vai-te.
Foi-se cedo com o receio
De eu ferir-te se não fosses,
Mas tu mal sabias que irias
Levando tudo o que é belo e doce.
Quais alegrias, tu me darias?
Moço diferente, inocente,
Se tu lutasses e então ficasses
Mostrando as frases de teus olhares,
Envolvendo-me, tendo-me,
Explicando-me, ensinando-me,
Fazendo desta minha vida sofrida
Poesia de amor, não de dor.
Mudando minha sina maldita,
Para uma linda história de amor.
Porém docemente foi-se...
TSales

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Insônia



















Ela me atrai com a sua cor castanha,
E seu mistério negro a obscura estranha.
Sei que ela está lá fora, pálida e branda,
A noite solitária pela amante chama...

Por companhia, por desejo, pela bela clama.
Então fujo na noite que igual a mim leviana,
Funde-me o corpo quente, mescla, ufana,
E o relento refresca minh'alma em chamas!

Amálgama libertinagem, duas párias damas,
Libidinosas lésbicas confidentes tramam.
Ao perder-me na noite a noite me ganha,
Envolvendo e seduzindo me corrompendo engana.

Ela me toca, me sussurra no ouvido infâmias,
Sacio-me da noite impura dessa mulher insana.
Ela me excita, porque me incita como uma tirana,
Entrego-me a ela e supro-a como uma profana...

Tatiane Sales
(Minha poesia)

A dama da noite desabrocha uma vez por ano e após o desabrochar, morre.

domingo, 14 de novembro de 2010

Provérbio irônico

O sol é um astro tão imenso, não?
Mas é possível de onde estarmos
Tapar o sol com a mão.
Tenta, é fácil, o poder está na força da imaginação!
E enfim acabará sua preocupação...

Tatiane Sales
(Minha poesia)

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sábado, 13 de novembro de 2010

Deus

Minha fé resumia-se encontrar um Deus para culpar.
Eu precisava justificar a ínfima vida que levava,
blasfemando o seu nome nas penumbras e noites de tormenta;
eu o condenei.
Ouvia falar de um Deus austero, mas eu me negava crer
num Deus preconceituoso que pune as diferenças;
eu o recusei.
E na busca me apresentaram um Deus bondoso, que
perdoa até as piores das falhas;
eu o lamentei.
Mas na escuridão medonha em que senti dores terríveis
de medo, de frio, desesperada e desgraçada,
sozinha na tempestade, num raio eu supliquei;
e dele precisei.
Filosofei, pensei em Deus e percebi que ele era uma idéia
poderosa e vingativa para uns, uma idéia bonita, sublime e
cômoda para outros, de acordo com suas necessidades e conveniências;
eu o questionei.
Anulei o Deus que criamos e comecei a descobrir o Deus
que me criou. Ele estava em mim cercado e ocultado por
idéias, conceitos e tradições;
à medida que eu as removia,
eu o descobria...
E em mim, o encontrei.

Tatiane Sales
(Meu poema)

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Procura




Andar, andar, andei
Eu procurei por toda parte
Não encontrei um só lugar
Em cada porto e cidade não vi você.


No mar, o mar, o mar
Eu naveguei por tanto mar
E naufraguei ao acreditar
Que a solidão do imenso mar
Trouxesse a paz.


Pensei
Que encontrando você talvez
Toda tristeza do mundo que sei
Fosse embora num segundo eu achei
Que bastaria você e eu...


Errei
O que eu queria já estava em mim
O céu, a terra, você, enfim...
Todo esse tempo que percorri
Era o que procurava
Não vi.


Daniel Carlomagno




...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Limbo


                                              
"Ouvi um sábio dizer: Peguei a estrada menos usada, e isso fez toda a diferença cada noite e cada dia...".

Ah! Angústia... Angústia...
É uma mão vinda do limbo, que atravessa meu peito e aperta meu coração desta forma! Vinda do inferno deste próprio mundo, onde pessoas machucam como pecados do qual sou punida e tenho que pagar. Do inferno do Universo que há em mim, que não posso pôr para fora, porque ninguém entenderia.
Da maldição do que meu ânimo permite-me ser, pois cada movimento meu é calculado, como abrir a janela pela manhã e fazer o café matinal, puxar a maçaneta da porta e sair. Ultimamente nada me emociona, apaixona ou surpreende, exceto a paisagem artística da criação de Deus... E o som, a música linda que algumas vezes consigo ouvir intrínseca na poluição sonora. Ah, mas o homem! Se as escrituras bíblicas são de fato; criação em que o próprio Deus queimou em Sodoma e Gomorra, afogou no dilúvio, perdoou em Cristo e condenou em Apocalipse! Se o próprio Deus desiludiu-se e se decepcionou com o homem, por que eu devo aceitar o ser humano?
O meu gênio não é, porque minha amotinação é; no limbo do meu desânimo em viver que impede de ser o que sou naquele meio. É uma sensação de que não vale a pena expor mais. Hoje presenciei a podridão, o cinismo, a putrefação do caráter! Ser? Querer aceitação? Sou nesse inferno o que é ser diferente desse inferno. Vejo pequenas e grandes maldades, que no final terão a mesma dimensão.
Como é difícil sentir o que sinto, ver da forma que vejo e o pior, ouvir das pessoas o que ouço!
Ultimamente tenho falado pouco, observando e escutando.
Se possível fosse eu não existir, desta forma o faria e nada seria, não lá. Onde estão os bons homens?
Essa mão ultrapassa meu peito, aperta-me o coração, mexe com meus órgãos internos adoentando-me, e ainda tenta tocar meu espírito com o intuito de macular-me, corromper-me.
Sigo na mera irrelevância pacata de sobreviver da forma certa, ou ao menos e somente continuar vivendo, tentando de alguma forma fazer diferença agindo com bondade. Só que de fato como li, meu ato não será entre mim e os homens, e sim entre mim e Deus. Consola-me pensar assim...
Sigo, mesclando numa miserável nobreza, numa misantropia gentil.
Mesclando em desejar morrer, mas continuar vivendo e tolerando... Num limbo tolerando.

Tatiane Sales
(Minha melancolia)

...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

E novamente o sono não vem...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Metáfora da falha

Por que de repente torna-se tão difícil respirar?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Virgindade

Minha rosa em botão está prestes a florir;
Orvalho...


Tatiane Sales
(Minha poesia)

...



domingo, 7 de novembro de 2010

Noiva da cidade do jardim da infância

Flores rosas e anis...
Num jardim de âmbar gris,
Tu colhias tão feliz
E o espinho por um tris
Não ferira-te o nariz!
Quando cheiraste a flor de lis,
Sentindo o aroma da raiz.
Foi justo ela quem não quis,
Que os espinhos danos vis
Te sangrassem tão hostis.
E os cortes pela lis,
Contigo foram gentis.
Para que nessas noites febris,
Criando poemas com giz
Tu não rimasses em versos que maldiz,
Que o jardim de sonho em Paris
É mais belo que as Campinas juvenis
Em que tu nasceste e cresceste
Mas que o fizeste tão infeliz...

Tatiane Sales
(Minha poesia)

...

sábado, 6 de novembro de 2010

Intacta

Sophia quando pequena
Fitava pela janela
Pálida que dava pena
Sol não tocava a pele dela.

Em meio à estampa de flores
Da delicada cortina
Soprava ao vento os odores
Do perfume de menina,

Que aos poucos ia crescendo
Num corpo desabrochando
Por trás d'um vidro vendo
A vida passar pelos anos.

Moça brotando beleza
No auge da juventude em flor
Não saiu p'ra exalar natureza
Não viveu p'ra morrer de amor.

Da janela observando
Achava tudo sem sentido
Esse vai e vem de humanos
Que se tocavam e não temiam perigo.

Ela olhava e tentava entender
Toda aquela erupção de libidos
Uns aos outros que se faziam sofrer
E que num caos se amavam aos gritos!

Tatiane Sales
(Minha poesia)

...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Fracasso


Sinto um frio doentio
Choro todas as noites
Eu tinha tantos sonhos nobres
E hoje o que restou?
O que sobrou?
Quantos anos me escondi
Em mim...
Quanto tempo nada fiz
Diz?
Tranquei-me num mundo à parte
Não desenvolvi minh'arte
Só dormi é o que me lembro
Chorei bastante, um choro lento.
Também sofri angústias noites
Ouvindo o vento vindo do norte
Eu desejava um sopro da morte
E aliviava quando eu dormia
A vida fria,
os sonhos aquecia...
Joguei tantas poesias ao léu
Rasguei folhas, queimei papel.
Livrei-me do que de melhor havia em mim
Tantas mortes pensei,
Tantos erros lembrei...
A morte é a forma mais honrosa
de um fracassado redimir-se?
De um covarde ter orgulho?
É a nobreza de matar-se e superar-se!

Tatiane Sales
(Minha poesia)

...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Derradeiro

    









Naquele teatro
Contracenei num tempo errado
Em que a circunstância oculta
Dentro de mim a insana luta
De querer ser somente eu mesma
E esma,
Transparecer por entre o breu
Breu meu
Deixei para ele meu endereço
Mas cartas suas não mereço
Uma semana e nada veio
Só me aumenta o devaneio
E me aumenta o desespero
Para aceitar o derradeiro
Mal começou e acabou
Terminou
Nem dois meses há na data
Farsa
Tudo por causa de um receio
Que devo aceitar de enleio
Que eu não passo de um nada!
Decepcionei-o de fato
Quimeras letras do meu ato
Foi tão rápido...
Uma luz piscou ao longe
Onde?
Foi tão intenso e ofuscante
Um brilho claro e oscilante
Que eu pensei poder tocar
Pudera eu o alcançar
Sou uma humana falha
Fraca
Sou um punhado de areia
Que quis sonhar e ser do mar
Sou imperceptível centelha
Que quis tocar uma estrela
Por trás do mudo
Tudo
O que eu queria era te amar.

Tatiane Sales
(Minha poesia)
...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Definhando


De novo...



Sinto-me aos poucos enlanguescer
Passo os dias lamentando
Se você estivesse me amando
Nada disso iria acontecer.

Estou a enfraquecer...

Em mim o amanhecer desistiu
Iludiu-me e, no entanto,
Apesar de tanto rogá-lo em pranto
Da minha vida partiu.

Sinto-me agora entardecer...

Lembro-me do seu rosto, do seu jeito
Inteiro...
E de ensejo
Suplico um último desejo.

Queria agora adormecer...

Pois no sono posso ser pueril
Feliz no devaneio febril
E depois de sonhar com você
Tranquilamente falecer.

Não sei mais o que fazer...

Não sei mais a quem recorrer
Quem eu procuro para saber
Como me restabelecer?
Eu preciso reviver...

Não posso terminar assim
Alguém tem que dissipar o enleio
Eu tenho que encontrar um meio
De melhorar dentro de mim!

Vejo o claro escurecer...

Rimar... Rimar...
Eu preciso me libertar
Das amarras do sofrimento me livrar
Para conseguir enfim, continuar.

Sinto-me enlanguescer...

E se você não me buscar
Se você não me socorrer
Nas trevas vou me afogar
No mar da noite irei morrer.

Já principio anoitecer...


Tatiane Sales
(Minha poesia)
...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Lados e horas

A ilusão rendeu-me inconscientemente
Em que supus por momentos estar contente
D'uma forma ignota e tão demente
Acreditei que seria diferente.

E permiti você rondar-me em minha orla,
Quando venci todo o preceito inerente...

Isso talvez somente em minha mente
No meu pudor, do meu recato oponente
Inteira a ti me entregaria sutilmente
Aproximava-me aos poucos delicadamente.

Quando apaguei todas as mágoas da memória,
Vi-te de costas caminhando lentamente...

Quando achei que enfim seria a hora
Despindo-me liberta dos receios
Seria sua de alma aberta, em corpo inteiro
Vi-te seguindo irredutível indo embora.

Então sorrateiramente
Justamente nessa hora?
Ao beijar-te docemente
Você reflete e vai embora?

E ao meu lado fez-se ausente,
Justamente nessa hora...

Quando eu tocava as suas notas
Em suas mãos brancas e pedintes
Momento etéreo de requinte
Eu seria toda sua
Em forma totalmente nua...

Superando os meus limites
Sem perceber eu permitia
Aos seus olhos ilegíveis
Envolverem-me em demasia.

Perdendo-me em devaneios
A você eu me rendia...

E eventualmente
A vingança paciente
Exacerbou-se indolente.

De meus maus atos passados
Por eu ter tanto o desprezado
Em meu descaso involuntário.
E evidentemente,
Você mirou para o contrário

E me deixou, intemerato,
Finalizando o último ato.

Tatiane Sales
(Minha poesia)

...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Silêncio

Numa praça de alimentação de um shopping vejo o motivo para o qual nascemos. Comer. Suprir-se. Abstrair-se. Todos estão satisfeitos, mas... poucos estão felizes, noto.
Portanto, o que falta? Logo a minha primeira tese torna-se errônea. É preciso de alguma forma dar, doar o que temos, oferecer algo de bom em nós para nos sentirmos de fato felizes numa troca de valores e de sentidos. Assim é o erro do abstrair que acontece na neurose dos relacionamentos modernos onde só queremos ter; amamos do outro, queremos do outro, saboreamos do outro, exigimos do outro, e não propriamente o outro.
E em troca o que damos? A mania da pressa em que vivemos atualmente nos faz atravessar e invadir o tempo de outrem. Devemos respeitar a lei do espaço e tempo. A minha dúvida impera-me e replica: o que devo esperar? o que devo fazer? se eu agir estarei interferindo num caminho certo de alguém? estarei atrapalhando uma vereda reta em prol de uma saudade profunda minha, em prol de uma necessidade de ter, de um anseio de ver? Devo tentar? devo em vão tentar? A dúvida aflora impedindo-me de semear o que talvez poderia ser. Permaneço em silêncio.
Sei que o motivo de minha dúvida me deixaria melhor agora, porque esse motivo tem o dom encantado de me deixar melhor. E todas as vezes que me comunico com esse ser de alguma forma, é como o mundo me dando um presente e dizendo: Fica feliz mocinha, pelo menos um pouco... E quando eu vejo aquele sorriso, e quando eu sinto aquele corpo ao meu lado, mesmo que somente no momento de um estar ao lado, eu agradeço a vida por esse raio de luz suprir a minha alma de ternura e me iluminar. Todavia, penso que esse motivo está muito ocupado sendo feliz agora, aprendendo a viver agora, e sem nenhuma necessidade de mim. Então eu prefiro não interferir e sigo, permanecendo em silêncio.

T Sales

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Lomadee, uma nova espécie na web. A maior plataforma de afiliados da América Latina.

domingo, 3 de outubro de 2010

Carta a um grande amigo

Clave de sol
Como vai meu querido el grande da bela vida? El grande psicanalista-pianista, que me ajuda e inspira tanto, de fato mesmo distante desta mágica fábrica, lembro com muito carinho de ti, que tantas vezes me preencheu o vazio de questões e desalentos existenciais com suas palavras não somente generosas, todavia cheias de sabedoria. E não somente intelectuais, mas também duma filosofia de vida, me fazendo crer com esse seu otimismo naturalmente equilibrado, dentro do que é a realidade plena em seu bom e ruim, e do que posso ser dentro dessa. É inegável que encontramos na azáfama da vida, dentre tantas pessoas opacas que nada nos dizem de válido (ou talvez tudo seja válido p'ro bom e ruim), espíritos generosos, homens de bom coração, simples no ser e grandes no agir - como humanos, ora também na arte criativa. Diferenciais que nos iluminam e emocionam com sua sensibilidade, porém força de caráter e magnitude de opiniões quando se trata da verdade. Homens de honestidade e honra. Meu querido el grande, existem pessoas que parecem que saíram desses livros da Távola redonda, ou das histórias de Cervantes ou Alexandre Dumas. Existem pessoas como você, nobre, e entendo por que Deus ainda tem esperança no mundo. Você que tantas vezes me falou de Deus... É um enorme prazer tê-lo conhecido! Temos que dizer das nossas admirações enquanto há oportunidade, por isso agora o faço. Estou trabalhando muito como sempre, cometendo erros na vida também como sempre, porém aprendendo com o intuito de ser melhor evoluindo o espírito sempre. Praticando aquela paciência a desenvolver com o próximo, e perversos que me aparecem, o que não é fácil. Tentando sobreviver neste habitat social onde os fortes sobrevivem. No geral estou bem, não muito forte, mas seguindo aquela linha do raciocínio otimista (mesmo não sendo) de que "melhor andar devagar do que parar". Sei que preciso evoluir muito, a vida me cobra independência e dinamismo, que (estranho) antes me sobrava. Não sei se evoluir é realmente mudar, no meu caso seria voltar a ser muito do que na juventude fui; mais impulsiva e destemida, e talvez esteja na essência, sei lá, talvez volte. Há virtudes em mim que não quero perder, como a da beleza daquele sonho ao longe, daquela esperança em tudo e que não tem fim... Mas e você? Ainda sai para ver o céu mesmo nos tumultuosos dias? Como vai a nova vida junto à sua bela musa aveludada? Ainda mora no sobrado em frente àquela bela praça que você um dia descreveu? Eu... talvez tenha encontrado finalmente a flor azul que comentávamos. Um grande abraço, el grande!
Estarás en mi corazón siempre.

Como você me chamava, a pequenina Gioconda.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

...

Ao passo que relendo o que não vejo
Conjecturando situações que me receio
Divagando sobre histórias não contadas
Eu te tive e te perdi em meio ao nada.

Quando te vi em noite escura e fria, pálido
Donde as luzes da cidade te ofuscavam
Encontrei-te antes mesmo de achar-te
A intuir um mesmo espírito de Arte.

E tentando interpretar o que me veio
De uma timidez talvez ou de um recato
Natural... Entendo-me e me aceito
Não me fazer de peça, cena ou ato.

Talvez não fosse a hora nem momento
De te encontrar no onírico das nuvens
Se eu pudesse preparar-me um pouco, ler-te
Eu não teria cometido o erro ao ver-te.

Mas um erro só porque fui eu mesma?
Ser sincera em meus instintos condiz falha?
Se me retraio sou Maria Imaculada,
Se me entrego Madalena, tenta e pária!

Porém essa sou eu e a mim mesma
Eu te fui, pressentindo algo a ler
Não me fujo nem me traio no que sinto,
Mas olho a rosa e essa sim, deve saber.

Prazer em conhecer-te caro amigo
Do passado, de algum tempo, de outrora.
Essa sou eu, porém em meu ser não se sabe
Será que é cedo? Ou talvez já seja tarde...

Sou às vezes a virtude da mulher que inspira
Às vezes menina doce de alma tranquila
Mas e tu, quem és tu nobre sozinho
O que te trouxe até mim neste caminho?

Derramai-me um pouco de ti e do que és
Que sorverei junto à taça de Martini
E conhecer-te-ei no ébrio da harmonia
Da sua música e da sua poesia...

Tatiane Sales
(Minha poesia)

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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Pensamentos e aforismos











Elevador

No vai e vem vertical da sua pista,
Para onde vai o pensamento de um ascensorista?
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Simplesmente Clarice

Lésbica, eu? Não!
Mas pela Clarice Lispector
Eu abriria uma exceção...
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Ilusão

Penso, mas será que existo?
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?

Não viver uma paixão platônica é aceitável,
Não viver uma paixão recíproca é estupidez!
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Oportunidades


Discrição em excesso até para os mais inteligentes e educados
se torna uma ignorância...
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Tatiane Sales