segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Hoje jaz

Hoje estou numa espécie de anestesia vital, talvez um coma emocional, como uma desistência simultânea da alma, corpo e raciocínio. Prefiro hoje não intervir, não interferir em nada.
Também optei não rimar, mas apenas desabafar longe do mundo em sua convivência com as pessoas, e longe da vida em seus exaustivos movimentos do desespero de ser mais um e melhor.
Hoje não quero nada.
Nem atingir metas no trabalho, nem satisfações ao namorado.
Hoje não sou nada.
Num inexpressivo invisível sem estereótipos do que sou, ou do que eu deveria ser e/ou ainda do que eu poderia ser.
Nada.
Sem distinção ou compreensão.
Hoje assumi o fracasso e de repente sei que nada é e será como deveria ser.
Sem esperanças, somente um choro na garganta que não sai. Tudo é decepção, de mim para com o mundo e do mundo para comigo.
Hoje não quero nada, nem responsabilidade e nem liberdade.
Nem expectativas de futuro, nem lembranças do passado...
E, agora neste instante tento me mover o menos possível para não estar no presente.
Se possível fosse não viver, mas como dizia um ex: Sístole e diástole... Sístole e diástole...
Por que bate tão rápido o meu coração? Será melancolia, taquicardia, disritmia ou agonia?
Depressão?
E me recomendo calma...
Há uma opção, mas tenho medo da dor e punição.
A misantropia aumenta a cada dia, e chega ser cômica a minha hipocondria.
Queria não rimar, mas a poesia corre em minha artéria, a pulsar etérea sina.
A rima...
Só estou numa morte parcial da vida, só quero que me deixem sozinha, não estou deprimida e nem me alcoolizando com a íntima e ínfima bebida.
Só me deixem neste hoje em paz, somente hoje, neste hoje...
Que eu transformei num jaz.
Tatiane Sales

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