quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Limbo


                                              
"Ouvi um sábio dizer: Peguei a estrada menos usada, e isso fez toda a diferença cada noite e cada dia...".

Ah! Angústia... Angústia...
É uma mão vinda do limbo, que atravessa meu peito e aperta meu coração desta forma! Vinda do inferno deste próprio mundo, onde pessoas machucam como pecados do qual sou punida e tenho que pagar. Do inferno do Universo que há em mim, que não posso pôr para fora, porque ninguém entenderia.
Da maldição do que meu ânimo permite-me ser, pois cada movimento meu é calculado, como abrir a janela pela manhã e fazer o café matinal, puxar a maçaneta da porta e sair. Ultimamente nada me emociona, apaixona ou surpreende, exceto a paisagem artística da criação de Deus... E o som, a música linda que algumas vezes consigo ouvir intrínseca na poluição sonora. Ah, mas o homem! Se as escrituras bíblicas são de fato; criação em que o próprio Deus queimou em Sodoma e Gomorra, afogou no dilúvio, perdoou em Cristo e condenou em Apocalipse! Se o próprio Deus desiludiu-se e se decepcionou com o homem, por que eu devo aceitar o ser humano?
O meu gênio não é, porque minha amotinação é; no limbo do meu desânimo em viver que impede de ser o que sou naquele meio. É uma sensação de que não vale a pena expor mais. Hoje presenciei a podridão, o cinismo, a putrefação do caráter! Ser? Querer aceitação? Sou nesse inferno o que é ser diferente desse inferno. Vejo pequenas e grandes maldades, que no final terão a mesma dimensão.
Como é difícil sentir o que sinto, ver da forma que vejo e o pior, ouvir das pessoas o que ouço!
Ultimamente tenho falado pouco, observando e escutando.
Se possível fosse eu não existir, desta forma o faria e nada seria, não lá. Onde estão os bons homens?
Essa mão ultrapassa meu peito, aperta-me o coração, mexe com meus órgãos internos adoentando-me, e ainda tenta tocar meu espírito com o intuito de macular-me, corromper-me.
Sigo na mera irrelevância pacata de sobreviver da forma certa, ou ao menos e somente continuar vivendo, tentando de alguma forma fazer diferença agindo com bondade. Só que de fato como li, meu ato não será entre mim e os homens, e sim entre mim e Deus. Consola-me pensar assim...
Sigo, mesclando numa miserável nobreza, numa misantropia gentil.
Mesclando em desejar morrer, mas continuar vivendo e tolerando... Num limbo tolerando.

Tatiane Sales
(Minha melancolia)

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